Somos animais. E somos her
deiros dos sobreviventes. Por isso reagimos ao perigo - ou ao que sentimos como perigo - com libertação
de catecolaminas (adrenalina) e cortisol que são hormonas das glândulas suprarrenais, num processo que é in
depen
dente da vonta
de (ou pelo menos esta tem um controlo muito reduzido neste sistema).
Estas hormonas proporcionam uma série
de fenómenos biológicos: aumento da força muscular cardíaca, aumento da tensão arterial com
desvio do sangue da periferia para órgãos centrais (pele branca, fria), dilatação dos bronquíolos com melhor ventilação pulmonar, aumento da produção
de energia a partir dos tecidos gordos, aumento da frequência cardíaca e respiratória, e dilatação das pupilas, para melhor visão.
As sobrancelhas contraem-se, as mãos ficam frias e suadas, e a boca fica seca e a saber a amargo. A face empali
dece. O intestino aumenta os seus movimentos.
Por outro lado, há uma diminuição dos estímulos que causam dor, a fim
de facilitar a fuga. A agressivida
de também tem estados
de alma que incluem irritação, frustração, pena
de si próprio e raiva.
Pelo contrário, quando o animal se sente tranquilo, o que predomina é o sistema endorfínico, com sensação
de bem-estar, calma, relaxamento, prazer e plenitu
de. As endorfinas também são responsáveis pelo estado
de humor positivo, memória mais aguda, alívio da dor e melhor resposta imunológica.
A resposta agressiva à sensação
de perigo ou ameaça po
de surgir por causas diretas,
definidas - ser insultado, traído, agredido- mas, na maioria dos casos, ou a bomba explo
de por a situação que a
desenca
deia ser a gota
de água que faz transbordar o copo, ou porque é o gatilho para situações anteriores em que não foi possível dar seguimento à agressivida
de.
Os pais, por vezes, sentem-se frustrados, por só verem a parte negativa do comportamento. Reparem no caso abaixo
descrito: não foi bonita a atitu
de do César,
de atirar com os brinquedos para o chão e sair da sala. Mas, ao mesmo tempo, ele soube já controlar-se e não transformar a sua agressivida
de em violência contra os outros, nomeadamente o pai que, na sua opinião, era a pessoa que o tinha
defraudado.
Se o César estivesse numa fase anterior e mais instintiva do comportamento, com o emocional dominando completamente o racional, provavelmente teria agredido o pai com os carrinhos, mordido-lhe ou algo semelhante. Aliás, quando se lida com uma situação
deste tipo, há que fazer notar à criança o que tem
de modificar, mas também a evolução que já fez.
É muito tentador, para uma criança com menos
de 3 anos, usar todas as armas que sabe já ter -
dentes, unhas, mãos e pés e
desenca
dear comportamentos como mor
der, arranhar, cuspir, dar pontapés. No início, estas reações são instantâneas e primárias, obe
decendo ao que o sistema hormonal pe
de e ao que o sentimento
de vingança exige.
No capítulo referente ao
Desenvolvimento e Comportamento
desenvolvo mais pormenorizadamente alguns
destes comportamentos, bem como a questão da disciplina. Conseguir
desenvolver o autocontrolo para se dominar, vencer o imediatismo, e
deixar a pessoa vencer o animal não é fácil, requerendo compreensão, reflexão, exercitação e, quando conseguido,
deve ser
devidamente apreciado e entusiasmado.
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